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A possível cura da AIDS, e seus (possíveis) efeitos colaterais sociais.

Posted in Nosso Mundo with tags , , , , , , , , , on dezembro 15, 2010 by Daniel Duende

Timothy Ray Brown, o Paciente de Berlim. Copyright www.peterrigaud.comEstava lendo hoje em matéria do Jornal do Brasil sobre a possibilidade de que um paciente de Leucemia soropositivo possa ter sido curado da AIDS durante o devastador tratamento ao qual foi submetido para curar-se da primeira. Segundo o jornal, Timothy Ray Brown, o ‘Paciente de Berlin’, teria obtido em testes clínicos resultados que indicariam o “zeramento” da presença do vírus em seu organismo e um aumento dos níveis de células do sistema imunológico a níveis considerados normais em um homem soronegativo de sua idade. Um dos possíveis motivos desta negativação da presença do vírus teria sido transplante de medula óssea de um doador que apresentava uma mutação que o tornava quase imune ao vírus da AIDS. Ainda segundo a matéria, esta mutação ocorreria em aproximadamente 1% da população caucasiana (leia-se “branca”) de algumas partes da Europa.  Leia a matéria para mais detalhes.

Para além das boas notícias — afinal trata-se de uma possível cura para a AIDS, mesmo que sofrida, longa e ainda bastante incerta — fiquei preocupado com algumas das implicações desta notícia. Antes de mais nada, se a cura de uma das doenças mais faladas dos últimos 30 anos, até agora incurável, passar por transplante de células tronco advindas de uma parcela bastante restrita da população branca mundial, isso abre espaço para algumas possibilidades nefastas. Primeiro de tudo, quanto tempo vai levar para alguns idiotas da supremacia branca começarem a usar isso como argumento para sua pretensa superioridade? Por outro lado, se fosse descoberta esta mutação também nas populações negróides e mongolóides (pessoas de descendência mongólica, para bom entendedor), quanto tempo seria necessário antes que começassem verdadeiras indústrias de extração de medula óssea e células troncos dos pobres indivíduos não-Europeus abençoados e amaldiçoados com a tal CCR5 delta 32 homozigosidade?

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