Depois dos 18 meses de idade começa a se tornar cada vez mais fácil falar. E falar — e por vezes falar demais — é algo que a maioria de nós faz ao menos uma vez na vida (e mais provavelmente muitas). Alguns de nós são particularmente chegados em fazer discursos políticos, éticos, morais ou de algum tipo híbrido entre eles, incluindo auto-exaltações discretas e apontamentos (discretos ou não) de indicadores nas caras alheias. Mas falar é sempre muito fácil. O que a maior parte de nós esquece é que toda palavra é vã quando não é sustentada por atos, e que quando a gente aponta o dedo na cara dos outros, tem sempre pelo menos mais três dedos apontados para nós mesmos.
Dizeres sobre dedos a parte, é sempre sábio refletir sobre si mesmo honestamente antes de falar dos outros (ou de si mesmo, também), e já que você já está refletindo, aproveitar para refletir qual é a verdadeira relevância e os seus verdadeiros motivos para abrir a boca. Na minha experiência, mais da metade das vezes em que eu fiz isso acabei decidindo ficar calado, e tenho a impressão de que tornei o mundo um lugar um pouco menos estúpido ao menos por alguns segundos.
Não é à toa que o jeito mais fácil de se fingir de sábio é ficar de boca fechada e, de preferência, manter as mãos ocupadas.